Sei do inverno que fica nas palavras
é de inverno
o tempo...
sei
do peso do frio
sobre a pele
e
do rio
em preguiçoso
murmúrio
passando...
quase mudo
e sem crespos...
taciturno...
vadio
sei dos dias
de vestes
névoas
e das noites
paramentadas
de túnicas
encharcadas . ..
sei da polida
cor do aço
escapando dos olhos
mirando
o lustre
do silencio
refletindo-se
nas gotas modorrentas
desconstruindo
pensamentos
caem
ideias
nas poças varridas
pelo vento
a dissolver
o ártico
homicida
fantástico
do tempo
ah!
esses sonhos
vaporosos
de enganos
que os anjos
nos fazem
beber quando a solidão
vem nos colher
também deles
sei...
pra eles
o que importa é que outras
cores
e sentidos
se acheguem
pra iludir
um pouco
mais
os sonhadores...