Poema Interminavel e incorreto
Senti que a dor era estar aqui
Nesta janela interminável
De onde eu vejo os homens
Com seus rancores
As mulheres, com suas mágoas
A virtude corrompeu a terra
O trabalho escravizou o prazer
A procissão que passa
Carrega um Cristo moribundo
Senti que viver não basta
O espirito desarticulado não dança
Não ousa segurar nas mãos
Uma manhã de sol
É urgente sobreviver ao caos
Todos ao trabalho, ao poder
Sacrifiquem as noites, os amanheceres
Para braços e pernas corrompidas
Criaremos peças de reposição
O caráter não conta
A honra se mede pelo ouro
Vejo automóveis, arvores quase mortas
Gestos acenando o passado
Gritos de acordar o surdo
A banda passa com seus tambores
Os homens seguem para onde?
Tuas mãos não conseguem acariciar a flor
O pecado paralisou os membros
A vaidade embalsamou o riso
Tens a vagina ornamentada com brilhantes
Como ser feliz?
Indagarei esta noite à minha alma
Magoada e densa de inquietudes
E ela me esconderá o dia de amanhã
Temo pelos que virão depois da noite
Após a dor do fim dos tempos
Após o após,
Do após