CORAÇÃO HÍBRIDO

Tenho um coração híbrido.

Cansei do vulgar natural

Hoje, misturo carne ao artificial.

Assim, livro-me do sofrer substancial.

Serei um tanto máquina, mecanicamente

Dissolvido da subjetiva e dura humanidade.

Só não quero, de todo, perder a sensibilidade,

Pois mesmo que, um dia, eu seja, todo de ferro

Ainda, sim, serei poeta, sendo a poesia

Bendito ácido, em questão, a lembrar-me

Do humano que um dia eu fui. Por enquanto,

Sigo mudando, mundano, mecânico humano.