O Diabo

Eu pensava calmamente em minha rede de balanço

Quando o Diabo surgiu para perturbar minha paz.

"E aí, filho de Deus, como é que tá o teu descanso?"

Fechei os olhos rejeitando-o, mas ele falou mais.

"E aí, filho de Deus, vai ficar parado todo manso?"

Simplesmente ignorei sua voz, mas ele falou mais.

"Oh, filho de Deus, vim apenas pregar o meu discurso,

Pode fechar os olhos, mas abra bem os seus ouvidos

Para que aos meus ensinamentos permaneça incurso."

Como que por libido não bloqueei os meus sentidos

E decidi ser um aluno nesse pequeno curso.

"Isso, filho de Deus, amo quando ficam decididos!"

"Ensinarei a você a verdade sobre o amor:

Amor é um brinquedo que Deus usa para o afligir!

Fá-lo acreditar na eternidade do humano pudor

Para gargalhar do homem que de si isso exigir!

Ouça, filho de Deus, entre homem e mulher só há dor,

Não viole os relatos dos que deixaram de sorrir!"

"Sim, eles sempre dizem que é maldição o casamento!

Divórcios e traições; você não quer ser corno, quer?

As mulheres com mais paz deram suas vidas ao convento

E os homens bem-sucedidos têm beldades de mulher.

Ah, filho de Deus, está tão jovem, viva seu momento!

Pois casar-se é ser corno e ser corno é uma mer-"

Mas e se a mim minha mulher decidir ser bem fiel

Justamente como a ela eu decidir também ser?

"Ah, filho de Deus, mudará quando ela botar o véu.

A verdade e traição você jamais pode vencer,

Se não for você será ela que amargará o mel."

A verdade e traição eu jamais poderei vencer...

Não sei por que levou tanto tempo para eu notar

Que casamento só fabrica traidores e cornos.

Obrigado, Diabo, por vir aqui pra me mostrar

Que casamento na verdade não passa de um estorvo.

Fidelidade não existe, enfim posso enxergar.

"É isso mesmo, meu filho, seja bem-vindo ao meu forno."