Vigesimo Quinto Anjo
Sou o eco respondendo ao chamado...
Quando tua lágrima pinga no chão...
Sou o afeto quando tua alma pede solidão...
Sou a pena que escreve em tua linha de vida fraca...
Sou a tinta e o mata borrão.
Tenho a cesta que colhe tua tristeza e tua ilusão...
Tenho os meus braços que te carrega sob o cansaço da vida...
Tenho o chá adocicado que mata o teu sabor de fel...
Tenho o cantil que lava tua pele impregnada de pó...
Tenho a chuva que brinda tua sede em correntes de águas límpidas.
É a amante do que já passou...
És a vontade de não sentir...
É querer partir tão cedo...
É o vazio...
Sentada no tempo.
Sento-me no tempo...
E sentirei a vontade...
E cedo não partirei...
Junto ao vazio seremos dois...
Nem o tempo separa você de mim...
Aconchegas tua cabeça em meu ombro...
Aos poucos sentes o discernimento que a paz liberta dos meus poros...
Desce calmamente tua cabeça e se aninha ao meu colo...
De olhar perdido mede meu semblante e estica as sobrancelhas...
Sei que sorriu...
E aqui ficaremos até o teu despertar...