RUDE SONETO
amargo alvorecer este,
que me tráz a notícia de que morreste.
à noite, enquanto eu sonhava,
terminavas o teu texto.
sendo tu tão alegre,
como agora me fazes triste?
surge como fratura no contexto
o apagar do teu coração bissexto.
o agora me parece eterno
pois, como inaugurar o amanhã,
vestindo o mesmo terno?
hei de guardar, nas raízes de minhas cãs,
o teu contorno pós-moderno
e teu sorriso de astracã.