fala requentada
Apesar
Dessa lâmina
De noite
Nas tripas
Dessa constrição
Na porteira do coração
Tua boca
Molhada
combinando
Com essa vontade de beijar
Me anima um bocado,
Mas,
como viver
Sabendo que a
Céu aberto vidas inteiras
São sugadas por vermes
Engravatados
Que esse pais
Está sendo chupado
Por toda sorte
De canalha, e que uns
Sabe lá porque é tanto
E outros, nada,
Nem sempre
O lado escolhido
É o mais saboroso,
Mas reza a lenda
Que andar, é melhor
Do Que estar parado.
A Vida que, dela pouco
Sabemos, salvo suposições
Que logo escapa, mesmo
sob tortura não nos revela
nada, salvo a tortura de sua
volúpia.
Ser no mundo é ser
golpeado? como no inferno
ser queimado? parece pouco
para quem se diz filho de Deus.
podemos fechar
os olhos, mas lugar fechado não
entra nada, sequer esse pouco de
luz, que dia-a-dia nos requenta a fala.