O outro de mim, O Outro
Há dois de mim neste mundo
Um eu conheço. O outro, sempre procuro.
O que eu conheço, sei dele alguma coisa:
dos seus sonhos e medos.
O outro, sei apenas que procuro.
O que eu conheço, sei que gosta de pássaros
e plantas e vento e nuvem.
O outro, em constante procura,
não posso tecer impressões.
O que eu conheço sofre e sente a dor do mundo.
O que eu conheço, às vezes, à noite,
debruça na janela e vê as estrelas;
Elas não brilham mais como antes:
A poeira ofusca sua beleza; e ele sofre.
O outro que procuro, um dia habitou todos nós;
andávamos pelas estepes e montanhas
e víamos as estrelas.
O que eu conheço,
anda por ai a procurar a linha que se rompeu.
E o que procuro,
foge de mim porque sabe
tão logo o que eu conheço apareça,
seremos felizes e eternos em nós mesmos.