O outro de mim, O Outro

Há dois de mim neste mundo

Um eu conheço. O outro, sempre procuro.

O que eu conheço, sei dele alguma coisa:

dos seus sonhos e medos.

O outro, sei apenas que procuro.

O que eu conheço, sei que gosta de pássaros

e plantas e vento e nuvem.

O outro, em constante procura,

não posso tecer impressões.

O que eu conheço sofre e sente a dor do mundo.

O que eu conheço, às vezes, à noite,

debruça na janela e vê as estrelas;

Elas não brilham mais como antes:

A poeira ofusca sua beleza; e ele sofre.

O outro que procuro, um dia habitou todos nós;

andávamos pelas estepes e montanhas

e víamos as estrelas.

O que eu conheço,

anda por ai a procurar a linha que se rompeu.

E o que procuro,

foge de mim porque sabe

tão logo o que eu conheço apareça,

seremos felizes e eternos em nós mesmos.

silvio lima
Enviado por silvio lima em 05/07/2016
Reeditado em 05/07/2016
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