CRUZ
CRUZ
O que era luz
Tornou-se lampejo
O que era cruz
Virou cortejo
E a cortejar a treva
Qual fosse Eva
Perdemo-nos no caminho
Em atalhos pérfidos
Em total desalinho
Qual hidrófidos
Mordendo maçãs
Em relações vãs
Sem ligar aos amanhãs
Entregando o existir
Ao não porvir
Ao lesar desmesurado
Do apropriar-se alheado
Das dádivas gratuitas
Como se fossem fortuitas
E não regalos a retribuir
Com postura
Decompostura
Evitando exacerbar desigualdades
Cometer maldades
Estimulando dessemelhanças
Olvidando semelhanças
Matando o bem me quer
Vivendo para o mal me quer
Esquecendo a criação tal a imagem
Tornando a curta viagem
Um paraíso infernal