sem prumo
pai, repete aquele
verbo para que eu lembre,
porque essa ruela infame
me enche de dor. meus irmão
chora o sangue que já
não cabe em seus pulmões,
esse rio, pai, tão lacrimoso,
tantos homens já afogaram
em suas águas, o redemoínho
de tédio não alimenta o sono
dessas horas, queria tanto, pai
o teu charpe de amor, o teu
abraço de pele, as escadarias quase
nao sobe o morro nessa época
e ruivo e grito, quantos quartos
ainda a entrar, quanta vida ainda
vamos perder nesse desvario
que encanta os homens sem prumo