O NADA QUE CRIEI
Certa vez
Vi a mais gloriosa luz.
Hoje, essa mesma luz secou
Os tijolos caíram da parede
Juntamente com o reboco e as colunas.
Daqui dos escombros assombrados
Desta casa e de mim, nada resta. Nada.
O jardim murchou, o bosque ao fundo morreu,
A relva enegreceu, os pássaros se calaram,
As estrelas tombaram do alto céu
Não há mais dia nem noite
Só o vazio da alma e do homem.
Todos os faróis e vaga-lumes afogaram-se
As cores se enterram a sete palmos
As covas superestimadas
Não comportam mais os mortos.
Os mortos...
Os mortos de mim...
Chove, palidamente, chove.
Não há nuvens ou céu,
Mas chove no nada que criei