CONSUETUDINÁRIO
O corpo parece plástico, eu sei, e me leio por inteiro.
Nadar! Nadar! Nadar sempre até os confins do mundo,
Pois a água que há na carne é um lago imenso e intenso
E a que vem dos céus traz a espuma que forma bolhas
De vida nesta enxurrada que é o respirar do infinito universo.
Tudo, tudo se assemelha às florestas e aos campos desertos
Onde o coração clama pela sobrevivência entre dias e noites...
Há papéis coloridos nas estampas que fulguram o vazio, e o frio
É apenas o calor naufragado dentre as ondas de um mar bravio
Em que as procelas sopram sobre as agitações das consciências
Que teimam em deserdar do espetáculo que é a natureza, o homem...
Ergue-se a âncora em que os navios da verdade apodrecem à mercê
Das mentiras que assaltam o mundo e tornam o viver sem apetite...
Muitas vozes se calam perante o silêncio que aponta as covardias
Sobraçadas ao destempero de uma realidade enferma e vadia.
Os gritos que surgem nos lençóis que cobrem os vícios de seda
Encontram as lágrimas dos nubentes do orbe que se casam amotinados
E levados ao cadafalso que é o suspiro do abismo entre a vida e a morte!
Há os que buscam incessantemente as ilhas em derredor do cotidiano,
Haja vista o desenho de inúmeras trilhas que mostram escapes virgens
Que são devaneios ousados e configurados pelos alicerces da aventura
Procriadora da coragem que verte sais de alento e das forças impulsivas
Constrangedoras do mal e sublimemente edificada pelo equilíbrio
Da vergonha que ensina o abc da existência... O corpo parece plástico!
DE Ivan de Oliveira Melo