CASA DE FAVELA

Harmonia em tanta fúria da tempestade,

desagregação espúria sem maldade;

entropia revelando a agonia da cidade,

em feroz destruição, irradia crueldade!

É aquela força de corte da natureza

que tanto se esforça, dá porte e certeza...

no por vir, sem morte, nenhuma beleza...

de sentir; com corte, alguma tristeza.

São casas das encostas, veias desnudadas,

casadas, qual revoltas teias, impensadas,

letais, com goteiras e buracos de vento.

Tão mansas no verão, brabas no inverno,

esperanças do povão, tabas do inferno,

mortais, prateleiras de cavacos, tormento.

Salvador, 1997.

Oswaldo Francisco Martins
Enviado por Oswaldo Francisco Martins em 01/07/2016
Reeditado em 01/07/2016
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