CASA DE FAVELA
Harmonia em tanta fúria da tempestade,
desagregação espúria sem maldade;
entropia revelando a agonia da cidade,
em feroz destruição, irradia crueldade!
É aquela força de corte da natureza
que tanto se esforça, dá porte e certeza...
no por vir, sem morte, nenhuma beleza...
de sentir; com corte, alguma tristeza.
São casas das encostas, veias desnudadas,
casadas, qual revoltas teias, impensadas,
letais, com goteiras e buracos de vento.
Tão mansas no verão, brabas no inverno,
esperanças do povão, tabas do inferno,
mortais, prateleiras de cavacos, tormento.
Salvador, 1997.