CONSUMISMO DA POESIA
Quando os sinos dobravam
E Alphonsus ecoava na cidadezinha,
Eram outros desencontros,
Outros males d’alma, outras enfermidades.
Eram fortes porque viviam,
Tinham a lua por madrinha
E mais de tudo, outros tantos,
E desdiziam todas amenidades.
Agora sofrem de tédio,
A moral ficou no ócio.
Nas bulas não faltam remédios
E as tristezas perderam seus sócios.
A poesia se faz de osso,
Esculpida com brutas tormentas,
Não tem mais sinos, não tem lua,
A pena virou ferramenta.
As letras suaves do poeta
Que encantavam até na dor,
Viraram plástica, bisturi
Nas mãos de um qualquer operador.