CONSUMISMO DA POESIA

Quando os sinos dobravam

E Alphonsus ecoava na cidadezinha,

Eram outros desencontros,

Outros males d’alma, outras enfermidades.

Eram fortes porque viviam,

Tinham a lua por madrinha

E mais de tudo, outros tantos,

E desdiziam todas amenidades.

Agora sofrem de tédio,

A moral ficou no ócio.

Nas bulas não faltam remédios

E as tristezas perderam seus sócios.

A poesia se faz de osso,

Esculpida com brutas tormentas,

Não tem mais sinos, não tem lua,

A pena virou ferramenta.

As letras suaves do poeta

Que encantavam até na dor,

Viraram plástica, bisturi

Nas mãos de um qualquer operador.

Tarcízio
Enviado por Tarcízio em 01/07/2016
Reeditado em 01/07/2016
Código do texto: T5684106
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