O Galho

Nascido no poço da realidade...

Renascido em seu berço na escuridão da alma...

Sua alma asas...

Seu lar a escuridão...

Sua paz...

Nada ultrapassa sua visão...

Nas paredes as raízes brotando sobre as que secam...

Frutos mordidos pela dentição do tempo...

As folhagens dos vendavais...

Nos pés virgens os calos dos caminhos pedregosos...

Uma dúzia de rosas azuis...

Os céus de florido anil...

O campo no caule...

E cada pétala que cai...

Adormece o inconsequente sentimento...

A alma respira seu teor...

O teorema das almas...

O plumo nos dedos da mão...

Membros incestos...

Evoluem na razão...

A existência a prece não resolvida, não respondida...

A alma não divaga...

Não responde...

Gesticula a sua beleza...

Não esta lá fora...

O pensamento...

Cumprindo o movimento das eras e tempos...

Mas aqui a alma cumpre a transformação...

E o mais fundo e tenebroso medo...

É convidado a jantar...

O medo em seu paladar...

Sobre a mesa na sala de jantar...

A alma degusta cada gosto...

Batata doce roxa...

O vinagre...

O limão...

Satisfeito o medo perde seu sabor...

O licor de Cambuci...

Adocica...

Perenemente...

O medo se perde na louça lavada...

A alma se aprofunda...

Na escuridão...

Encontrando o brilho de uma pequena pedra...

O carvão...

A madeira talhada pelo fogo da paixão...

Brilha na escuridão, retirada uma fenda se faz...

Produz um feixe de luz cósmica...

Suga a alma para dentro de si...

A inexistência...

Engole...

A alma um cordão de pérolas...

No pescoço da vida...

Na festa do amor...

E ao seu lado...

Um grande muro...

Pichado...

E a vida mostra seu tesouro...

São pérolas de alma...

A vida sorri...

E a alma se orgulha...

Mostra-se...

Até que a existência mostra seu colar de diamantes...

A alma se deprime...

E adora o brilho...

O brilho da alma seduz a existência a dar-lhe um presente...

A existência lhe oferece um diamante por três pérolas suas...

No colar da vida há um diamante que lhe pesa...

A alma satisfeita sorri e a vida também...

Na festa a orquestra canta nas cordas vocais das essências...

Lindas vozes...

A alma quer uma voz linda...

A vida lhe diz que a própria voz da alma é linda...

Mais um peso para que a vida carregue...

A alma trocou cinco pérolas por duas vozes lindas...

A prepotência um bailarino e galante...

A alma queria dançar com aquela beleza...

A vida interferiu...

A prepotência ensinou vários passos e a alma dançou por dez pérolas...

E pesava mais ainda o pescoço da vida...

E quando a alma desejou trocar sua vida por outra vida por todas as suas perolas...

O cordão estourou...

E a alma se perdeu de sua vida...

Apenas seu cordão...

Plainou mais ao fundo de sua escuridão...

Um cordão partido e vazio...

E ao fundo de sua existência pariu a solidão...

E num galho de uma árvore crescida em sua redoma de pedra enganchou-se...

Pendurada a alma nas profundezas de sua existência...

E na sua existência misturou-se a árvore, e galho transformou-se...

E uma pequena flor, floriu...

Em seguida de seu interior uma frutinha vermelha...

Com a casca doce, mas seu sumo amargo...

E com o tempo, uma nova flor...

E floriu...

Em seguida um fruto verdinho...

A casca amarga, mas seu sumo doce...

E com o tempo como jardineiro...

A alma transformou-se em outra árvore...

E conforme o tempo espera...

Alguns cordões engancham-se em seus galhos...

CARLLUS ARCHELLAUS
Enviado por CARLLUS ARCHELLAUS em 01/07/2016
Código do texto: T5683992
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