CANTOS DE DAMNED (16)
Grunhe ainda o que é
Amor em mim,
Pureza de chaga recente,
Sem lágrima nem sangue,
Estanque, estanque –
Avessa à piedade do algoz.
Um drama assim valendo
Mais que uma causa,
Discursos de coitadinhos, slogans
E tetas obsoletas de fora.
Grunhe agora o que ainda é
Amor em mim, obeso
E ainda mais faminto de afetos
Que recém-nascido.
Tendo ouvido o burburinho atroz
De quem não quer saber
Se tanto faz ou fez,
Devolvo o chá das cinco
Mais a argúcia da voz
De mademoiselle Beauvoir.
Sem vocação para ser minoria,
Sem qualquer queda para vítima.
Sem lágrima nem sangue,
E avessa à piedade do algoz.
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