Sabor a (a)mar



Na turbulência das ondas, na crista a alva espuma,
Revolta contida, espraiada na areia, silencioso voo das aves
Gaivotas que se juntam e separam, em voo picado sob águas quietas
Estranho mar nublado, sob luz rompendo, vento que a barca move
Apagando o tempo, réstia aflorada memória, sofrer nas ruidosas batidas,
Gemidos e palavras ditas, calma da baixa-mar, reflexos da brancas nuvens,
Desenhando ondas azuis, formas do desejo no azul do teu olhar,
Calma serena, na brisa que tange à sua passagem, corpos quentes
Perfume de maresia, nos poros do teu corpo, no toque de Deus
Sussurro soprado, nos mistérios da sua mão criadora
Com me acaricias os cabelos, paisagem de teu corpo que me prende,
À vontade de mim, que me eleva e me move, na dura direção da bolina,
Nos dias e tardes de luz adormecida no olhar, que na rocha sentada,
Onde quero encalhar, escorrem algas secas ao sol como finos cabelos,
Naufrágio no teu delicioso corpo, afogando-me em teu ser,
Sopro das palavras, onde respiro, nos versos em que me perco
Onde me encontro, nas sílabas que desenho na areia, húmida da maré
Que me trouxe o sal, a origem da vida, a vogais do meu ser, consoantes,
Na alva espuma, no azul do céu, descobri o sentido do (a)mar!


 
Alberto Cuddel
Enviado por Alberto Cuddel em 29/06/2016
Código do texto: T5682533
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