DRAMÁTICA

Aprender a solidão

É um processo lento.

Primeiro, noites de rasgar pulsos

com os dentes.

Depois, a morbidez dos silêncios,

desses que são mais que ausência de sons:

esses que uivam e gritam no peito.

Atravessar geleiras sem casaco

gritar pra dentro enquanto o rosto ri

cerrar os dentes e mentir.

Permanecer, quando tudo já partiu

E ainda assim aproveitar o sol

Estática, como os lagartos verdes

Sobre as pedras.

Por fim, escrever com sangue e suor

No tronco do tempo:

‘Cliz esteve aqui.’

Cliz Monteiro
Enviado por Cliz Monteiro em 29/06/2016
Código do texto: T5682292
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