DRAMÁTICA
Aprender a solidão
É um processo lento.
Primeiro, noites de rasgar pulsos
com os dentes.
Depois, a morbidez dos silêncios,
desses que são mais que ausência de sons:
esses que uivam e gritam no peito.
Atravessar geleiras sem casaco
gritar pra dentro enquanto o rosto ri
cerrar os dentes e mentir.
Permanecer, quando tudo já partiu
E ainda assim aproveitar o sol
Estática, como os lagartos verdes
Sobre as pedras.
Por fim, escrever com sangue e suor
No tronco do tempo:
‘Cliz esteve aqui.’