MARNE
 



 
 
em história
há muito desamor
e pouco desarme...
e existe muito
de humano
nos ossos
que estão sob
o Rio Marne...

corre o tempo
e rói a tragédia
e dos ossos faz
desaparecer a carne

em plena luz do dia
muita dor transcorreu
sobre o solo sangrento
de Champagne-Ardennes
e de toda a Picardia

arma faz
o que arde
sempre onde
fira e queime

[olho tristes
glaucos
azuis
castanhos
negros castigos...
cinzas]


some o verde
do Marne
antes que
ao Sena some...
e também em Verdun
nas margens do Mosela
nas margens do Reno
e pelo Rio Somme
a guerra matou
a gr
a
m
a
com
seu veneno

é terrível artifício...
para a memória
do desastre
não há pleno
lenitivo no armistício

esqueletos
demoram a sumir
sob toda água
no leito lodoso do rio
que na superfície
finge rir