Noctívago

Noctívago

Insone, ermo e inconspícuo

eis que vagueia o poeta

nas horas da noite infinda,

por becos frios e sombrios,

no seu imo mergulhado,

com trajes de solidão...

Em seu coração trancado -

esteio de suas fugas -

há cárceres em suas lacunas,

há furnas, mil cadeados ...

Tomado por desenganos

num plano em que inexiste

seus passos são sem destino.

Em sua face o desatino,

São seus olhos tristes rios

e seu pranto um oceano...

Os seus medos são açoites

dos sentimentos insanos

que nunca tiveram cura.

E em sua aresta obscura,

sem lastros, inacessível

que só, por si só procura...

E nas imolantes buscas

por caminhos escarpados

num grito, numa implosão...

que muitos nunca ouvirão...

E quanto mais se se busca

do mundo se distancia;

em seu céu, expiações...

de escuro, ele silencia

mas deixa réstias em seu chão

camufladas de poesias ...