Amém
Creio nos mistérios paridos pelas noites,
Nos monastérios e impropérios perdidos,
Na rigidez da pétala vermelha e solitária,
Creio na mortalha, a imposta à vida livre.
Creio no desejo e na caligrafia trêmulos,
No empenho dos impérios não havidos,
Na flacidez do aço, centelha temporária,
Creio no canalha que aposta a sua vida.
Creio no momento calmo, valia singular,
No movimento, ida e volta das pálpebras,
Na estupidez da palavra fria e autoritária,
Creio na navalha do tempo, risco o rosto.