Menino e Menina - Educação que nos mata

Rosa é coisa de menina

Azul de menino

Nesse mundo tão cretino

Aprendemos desde cedo

A reproduzir machismo.

Menina brinca de dona de casa

rodeada de panelas e bonecas

Bebês, que precisam ser cuidadas

Trocadas, amamentadas

Sendo mães de faz de conta

Enquanto os meninos

Podem ser o que a imaginação

Permitir

De piratas, a astronautas

A liberdade da macharada

Desde cedo os fazem

Sentirem-se machos alfa.

Palavrões,

Gritos

Fazem parte da alegria

Da rapaziada

Enquanto a menina trancafiada

Oprimida continua aprendendo

A ser uma menina recatada

Ótima dona de casa

Prendada.

Vamos crescendo

E observando nossos caminhos,

Homens livres

Voam como passarinhos

E a mulher

Está sempre engaiolada

Luta diariamente

Pelo direito de ter direitos

De ser e estar onde ela bem entender

Sem ser recriminada

Morta

Estuprada.

Só tenho uma coisa a dizer:

Jamais serei

Aprisionada

Não sou nem santa

Nem puta

Muito menos moça de família

Mulher recatada

Quebrando todas as barreiras

Dessa educação machista que nos mata

Luto todo o segundo

para ser livre de todas as amarras

JAMAIS SEREI ENJAULADA

Sou descendente das bruxas

Que na fogueira foram queimadas

Sou herdeira

Das Pretas que foram escravizadas

E mesmo nas senzalas

Lutaram por liberdade

Sou dona do meu destino

Sou dona do meu corpo

Dona dos meus pensamentos

Desejos e palavras

Posso ser uma bela rosa

Ou um perigoso espinho

Posso ser doce e amarga

Não sou objeto

Não sou empregada

Sou livre Mulher

Meu lugar

não é no tanque

Ou na cozinha

Meu lugar é

Onde eu quiser.

Pollyana Almie
Enviado por Pollyana Almie em 27/06/2016
Código do texto: T5680472
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