MANDA-ME

Manda-me

O cansaço das tua pálpebras

Que se acentua

No interstício

Entre o sono e a vigília

Deixa-me

Naufragar em tua rua

Mesmo que ela

Não suporte meus passos

Mas me avisando

Que uma estrela

Alumia o meu caminho

Manda-me

Tua memória

E o que foi sonhado

Às cinco horas da manhã

Quando portas e janelas

Foram escancaradas

Deixa-me o livre-arbítrio

De reinventar doidices

Coisas estranhas e belas

No espaço mínimo

De uma fresta

Manda-me

O castanho dos teus olhos

Que eu continuo aqui

Nessa quase irrealidade

Com a esperança de um dia

Apalpar tua pele e delirar

Sob o vazio e o silêncio das palavras.

JOAQUIM RICARDO
Enviado por JOAQUIM RICARDO em 27/06/2016
Código do texto: T5680046
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