REVIRAVOLTA

Queria vencer na vida

Para poder ajudar

Pessoas que vivem no mundo

Sem ter onde morar

Procurei, arranjei um trabalho

Salário mínimo ganhei

Assim segui vivendo

Longe do sonho que planejei

Vivi reclamando

De tudo em minha casa

Sem prestar atenção

Naqueles que me cercavam

O tempo foi passando

Nenhum fruto plantei

Agora me vejo diante

Do futuro que reservei

Sem entender onde estava

Uma porta abri

E bem na minha frente

Um clarão eu vi

Um pouco desnorteado

Me dei conta de onde estava

Num límpido tribunal

Que alguém julgava

Um Juiz me chamou pelo nome

Ao seu lado, um mendigo

Um pobre coitado

Que sempre andou sozinho

A voz melodiosa

Tudo me relatava

Aquele triste mendigo

Vivia de migalhas

Mas alguém sem coração

O negou um pedaço de pão

E logo o maltrapilho

Foi parar no caixão

Eu xinguei o sujeito

Disse que pra ele não existia perdão

Mas o Juiz interrompeu

E disse que ele não teve intenção

Eu objetei

O homem era culpado

Mesmo ganhando pouco

Uma vida podia ter salvado

O Juiz me olhou

E decretou sua decisão

Você vai para o inferno

Pois era o tal sem coração

Fiquei horrorizado

O que podia fazer

Olhei para o mendigo

Sem saber o que dizer

Ele pobre

De fé inabalável

Intercedeu por mim

Por isso fui perdoado

PRISCILA AFONSO
Enviado por Adriana Andrade Afonso em 24/06/2016
Reeditado em 01/07/2016
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