Um casebre de figuras mudas...
Um casebre de figuras mudas
em madeira transcendente vai
ser meu último poente.
Meus dedos serão as pedras
barbudas que crescerão
nas margens
mais distantes de toda a mobília.
Eu vou ter asas de anjo
nos seios das serras
que terão lábios
tão gigantes e indiferentes
quanto poderá ser Deus.
Me beijarão fraternos os
poços de
carinhos e de perdões.
Minhas dores escorrerão pelos rios
das telhas quebradas
em um murmúrio
indolente de pé de vento.
Um pedaço de toco pintado
coalhará os medos
até mais flores amarelas
brotarem das golas das camisas
satisfeitas.
Andarão os bichos com fé
de gente
e a inevitabilidade
do fogão de lenha
tão juvenil nas têmporas
será evidente
nos meus abraços.
Até me fartar da parede de taipa
ou a parede de taipa se cansar
da paisagem marrom
das minhas orelhas.
Na janela de recortes passageiros
onde deixarei as alegrias
eternas debruçadas
alguém virá depois
fechar as primaveras.