Anti-anedota
Já acreditei na minha sensibilidade.
Hoje sou apenas um fim,
um gemido desesperado dentro do meu passado
sem possibilidade de realização em tempo algum.
Já acreditei na minha poesia.
Hoje sou apenas um mesquinho desafinador das cordas das liras.
Não sou poeta, nem alegre, nem triste.
Nem Cecília, nem Carlos, nem gauche.
Sou um desacreditado escritor de bobagens vácuos buracos negros,
filigranas em folhas que permanecem vazias após a escrita.
O rosto remelento do meu século.