Bendita tarde

Empoierados sopravam o vento

Frio das cordilheiras,

Sua voz grita e ninguem escuta,

As pedras seguram seus segredos

Dura e congelada nos dourados

Fio de nylon ,

apertam o varal do campo vasto,

Forte ,

cai a chuva no pranto esquecido, ,

O gozo da tarde solitaria,

Abraça o tempo perdido,

Seus labios carnudos vive o beijo

Da princesa no cavalo arredio,

Solto corre os campos floridos,

O cabresto tampam as cores

Do céu, aos poucos o teatro

No crepúsculo

Abre se cortinas entre nuvens

Dancarinas,

nua, vive a juventude oclusa,

No desfiladeiro face o feitiço

O amor conhece e ao mesmo

Se desconhece,

Bendita seja essa tarde,

Alforria das escravas internas

No submundo dos mortos,

Na cama de plumas,

a agonia extermina...

Lilian Meireles
Enviado por Lilian Meireles em 23/06/2016
Reeditado em 23/06/2016
Código do texto: T5676623
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