Solo Sagrado

Solo Sagrado

Quando chegares em arrepio

Às divisas de meu solo real

Espero que venhas preparado

Mas mesmo em temor, e tardio

Te ofereço um querer delicado

Recomendo que retires o calçado

E no cuidado do contato inicial

Que sejas leve, me pises macio

Mas que deixes marcas assim

Vestígios e formas fortes

Eternizes minha memória

Com erosões e cicatrizes

Sinais de teus elos perdidos

Futuras pegadas fósseis

Registros de tua história

No teu passar sobre mim

E nesse carinho ao revés

Enquanto em seivas unidos

Constrói veredas e atalhos

Desenha caminhos ardentes

Em minhas terras, teus sentidos

Semeia os torrões viventes

E vai lançando sementes

Com as plantas dos teus pés

E quando partires em passos errantes

Tremerão camadas sedimentares

Enraizados no meu chão, teus resultados

De meus sismos fluirão bosques azuis

Rios multicoloridos, flores aos milhares

Filhos profanos do solo sagrado

E dirão de mim largos fachos de luz

Metamorfoses dos tristes olhares

Buscando-te eternos em terras distantes ...

Claudia Gadini

04.10.05