Incompreensível

Em meus humildes dezoito anos de idade

Não posso ter notado muitas novidades

Mas desde que acordo ouço e vejo desverdades

Que à minha alma não são mais do que maldade.

Desde pequeno menino eu tanto aprendi

Sobre amor e respeito, sobre o que é a vida

Mas no triste mundo, minha alma surpreendida

Só ensina de que eu de ser eu me arrependi.

São tantos os prazeres que me cortam a alma

E que lhes fazem respirar, viver, amar

Que me sinto cego neste terrível mar

Exclusivamente de dor e sangue fauna.

Ingerem a doença e quebram sua história

Desgastam suas vidas e deixam as memórias

Em cantos esquecidos, ausentes de glórias

Pisando em lamaçais, reduzindo-se a escória.

Tenho já meus dezoito, mas tão pouco entendo

Que de nada saberei aos meus cento e oitenta

Pois sempre convivo com multidão que aguenta

E nunca aguentarei respirar malquerendo.

O meu corpo, a minha vida, o que fazem,

O que querem, o que pensam, que tanto matam,

Sem querer eu os vejo e querendo me enlatam

Em mil pesadelos que a vocês tanto prazem.

Preciso fugir desse toque de demônio

Que contaminou o mundo em que triste vivo

Que apagou a minha chama de ser ativo

E me fez viver num castelo babilônio.

Preciso correr sem nunca saber pra onde

Pois a cada lado vejo mais desse álcool

Vejo mais desse mundo terrível, fiasco

Que saiu dum inferno maldito dum Conde...

Eu vou me esconder na loucura que encontrar

E se de lá for sair, será a morrer

Pois por mais que eu lute pelo meu merecer

Todos que vivemos, vivemos sem amar.

22/6/2016