SINFONIA FÚNEBRE
Novamente meu travesseiro e eu,
Como o brilho frio da lua envolve a noite,
É madrugada e suavemente as folhas das árvores parecem aplaudir,
É o vento que se espreme entre os galhos sem pedir licença,
A claridade morta que de maneira precária iluminava o quarto, pouco a pouco se ausenta,
Logo a chuva passa a cair como o choro de uma viúva aos pés da sepultura de seu amado falecido,
E o som das gotas d’água ao encontrar suas poças, lembram as notas mais agudas do piano,
Era a cruel madrugada envolvendo os pensamentos e as lembranças,
Como um mosquito se embaraça nas perfeitas teias da morte de uma aranha,
Corpo sobre a cama, pele exposta sendo abraçada pelo ar que congelava a pele e as sensações,
Vento e pingos de chuva que lá fora tocavam uma sinfonia fúnebre,
Pensamentos que encharcavam o travesseiro como ondas de uma ressaca,
Ao pé da cama, ela não perdoava em lançar seu olhar sem expressão, rancorosa solidão,
Mas como plumas das asas dos anjos, o sono domina os olhos cansados, tornando-os pesados,
E como mãe que segura em seus braços o filho que acabara de nascer,
Os sonhos se revelam suaves, dando descanso aquele assustado ser.
Amanheceu, as janelas estão abertas, e as verdes folhas estão secas,
Nos pensamentos se instaurou nova confusão,
Aquela noite existiu ou essa lembrança se trata de um sonho,
Que como veneno, despertou do doce oculto amarga ilusão.