A CERTEZA DO CLARO E O BURACO NEGRO.
[Refrão I]
O que é correto
Os certos dizem:
Nós somos O Olho.
[Estrofes]
O enxergar se faz
Da ausência dos muitos,
Do eu do mesmo eu,
E da cegueira dos autos;
Enxergar,
É uma constância do singular
E dos buracos negros.
[refrão I]
E o que tem olhos,
Observa-nos, nus,
Pois, somos reféns do seu olhar,
E ele dos nossos espólios.
Fomos criados no seu repetir,
Trilhados aos nossos retalhos,
Que nos dizem o quão límpido
São as brancas coisas.
[refrão I]
Se somos iguais aos animais,
E somos animais,
Sapos invertebrados,
Fomo-nos furtados,
Da natureza de sermos enxergados.
Somos frutos amargos,
E queremos ser guia,
Mas, julgados e amaldiçoados,
Vivemos sobre a eterna vigia.
[refrão I]
De todas as impossibilidades,
Agora, seremos cegos,
Orbitando um imenso buraco negro,
Sobre um fundo esbranquiçado,
Quem seremos nós agora?
Quem será?
Eu, o amargurado?
[refrão II]
O que é correto
Os cegos dizem:
Nós somos O Olho.
Vejamos o astro,
Mas vejamos de vista fechada,
Ficaremos distante,
Sozinhos o bastante,
Para observar,
E para escolher ser claro,
Ou com certeza.
[refrão II]
E ele nos puxa,
E ele nos puxará;
E nos deixaremos entrar,
Quebraremos a focinha
Daqueles que querem
E espreitam ser o eu.
Serás esmagado,
Serás esquecido,
Estará deleitado sobre seu corpo falecido
E finalmente,
Deixará a alva trapaça.
[refrão II]
Sempre deveremos às sombras,
Pois o branco não nos persegue sem olhar.
Levantai e batei os pés,
Aqui, não há o que cuidar.
Se o olho tudo vê,
Deixemo-nos cegos.