LONGE DE TUDO
Emoldura-se o silêncio
na aquarela das folhas da noite.
O orvalho é meu amigo,
o companheiro das madrugadas insones.
Toda alma precisa de um banquinho
para descansar as solidões
sob os olhos de cobre do luar.
Árvores também pensam.
E brincam de filosofar sombras tênues
a nos sugerir uma breve pausa nas fadigas do existir.
Leveza é preciso.
E sonhar, absolutamente necessário.
Falta-me, agora, apenas um pássaro de asas bem longas,
para voar esses versos em direção ao infinito.
Lá, bem longe de tudo, quero chegar.
Onde as sombras da noite se desfazem em pétalas de luz.
(Republicação: poema do livro APENAS PALAVRAS, Natal: CJA Edições, 2015)