OLHOS DE CIGANA
Em mim há tantas personas,
De todos os tipos e jeitos...
Há a requintada, a cafona,
A contida, a cheia de trejeitos...
Há a sóbria e recatada
E a exuberante espalhafatosa...
Há a que não quer saber de nada
E a ávida e curiosa...
Há a que vive sonhando,
Nas nuvens se debruçando
E a que finca os pés no chão,
Prática, só usando a razão.
Há a que releva e deixa passar
E a barraqueira, que vive a reclamar...
A que se sente pudica
E que de pejos, vermelha fica
E a devassa e sensual
Que faz da vida um carnaval.
Há todas essas em mim...
Sou um pouco delas, enfim.
É que sendo mulher e humana,
Não sou só o que podes ver.
A visão a gente engana.
Só mais de perto podes perceber
Minha alma, nos meus olhos de cigana.