A revolta de um herói
Cerrarei meus olhos para não mais ver
Tamparei os ouvidos para não ter que escutar
Não quero que minhas retinas toquem a pálida inveja
Não quero que adentrem pelos tímpanos tiranas palavras
Saltarei da nau e nadarei em direção à vida
E será no dia de Frigga que beberei seu mel
Embriagarei na sóbria consciência
De jamais ser consciente de meus atos
Cantarei aos ouvidos das três ninfas
Dormirei no covil das harpias
Encararei os olhos da medusa
Nadarei em direção às sereias
E serei o inverso dos versos dos heróis
Escreverei eu mesmo minhas trágicas epopeias
Só assim, ninguém reproduzirá meus atos
Ninguém ousará ser meu reflexo
Apenas observarão meu túmulo isolado
Escrito: aqui jaz
O que agora descansa em paz.