O peso dos condenados da guerra

Antes de morrer, pediam perdão por pecar,

Gritavam Amém! E desatavam a matar.

Sustentavam os monges no peso que é a aleluia,

Mas ardiam os nefastos em luxúria.

Os beijos lúcidos que alucinavam,

As famílias famintas as quais escuto,

Gritos seus do obscuro;

Esperam o perdão perdoado do [In]justo.

Cruz!

A cruz de madeira tão bem perfurada.

E as cores do céu estremeciam.

Era nublado o coração e ainda oravam,

Os injustos brutos que apostavam e ganhavam,

Os justos putos que apostavam e morriam.

Era este o inferno e ainda é.

Pétalas macias as que chamavam armas,

Ouro vermelho - o que cobravam o litro.

Solo como pele se vestia a ré,

E a vida comia as vidas das inocentes da maré.

É o que diziam os vitoriosos.

Lamuriavam, estrondosos, a perda da felicidade.

E senão como, se bebiam e se lambiam,

De risos riam dos amontoados defuntados,

Depois se contorciam diante do Além,

Pedindo perdão e cuspiam sangue...

... Era o Amém!

Carla L. Ferreira

13/02/06