LOBO GUARÁ
LOBO GUARÁ
Reinava o lobo guará
No planalto, no cerrado
E aí apareceu JK
Com Niemeyer a tiracolo
Comunista esquisito
E o lobo foi-se
Surgiram as raposas
Importadas e transmutadas
Bichos diferentes
De origens distintas
Cheios de línguas, dentes e tintas
De diversas cores e matizes
Não queriam apenas a sobrevivência
Regalar-se era preciso
Passar a ser Narcisos
A quem a beleza privilegia
E seu mundo fez-se elegia
E daí em diante
Bebem vinhos do sul
Cafés, leites e canas de
São Paulo e Minas
Embutidos e aves de Santa
Catarina
Sojas do centro oeste
Belezas do Nordeste
Florestas do Norte
Madeiras sem sorte
Apetite insaciável
Do Oiapoque ao Chuí
Dessas raposas transmutadas
Que não fazem absolutamente nada
Dizem-se salvadores da pátria amada
Que nada, são párias apátridas
Sempre fartos e faustos
E a todos os demais faltam
Gêneros e necessidades
Bichos homem
Que roubam disfarçados
Como se raposas
Fossem sagradas
Exposições intocadas
De privilégios
Enquanto sacrilégios
Derrubam seus mantenedores
Donos das dores
Das mordidas
Das feridas
Das oportunidades perdidas
Do país que virou planalto
De raposas
Sem guarás, extintos