LOBO GUARÁ

LOBO GUARÁ

Reinava o lobo guará

No planalto, no cerrado

E aí apareceu JK

Com Niemeyer a tiracolo

Comunista esquisito

E o lobo foi-se

Surgiram as raposas

Importadas e transmutadas

Bichos diferentes

De origens distintas

Cheios de línguas, dentes e tintas

De diversas cores e matizes

Não queriam apenas a sobrevivência

Regalar-se era preciso

Passar a ser Narcisos

A quem a beleza privilegia

E seu mundo fez-se elegia

E daí em diante

Bebem vinhos do sul

Cafés, leites e canas de

São Paulo e Minas

Embutidos e aves de Santa

Catarina

Sojas do centro oeste

Belezas do Nordeste

Florestas do Norte

Madeiras sem sorte

Apetite insaciável

Do Oiapoque ao Chuí

Dessas raposas transmutadas

Que não fazem absolutamente nada

Dizem-se salvadores da pátria amada

Que nada, são párias apátridas

Sempre fartos e faustos

E a todos os demais faltam

Gêneros e necessidades

Bichos homem

Que roubam disfarçados

Como se raposas

Fossem sagradas

Exposições intocadas

De privilégios

Enquanto sacrilégios

Derrubam seus mantenedores

Donos das dores

Das mordidas

Das feridas

Das oportunidades perdidas

Do país que virou planalto

De raposas

Sem guarás, extintos

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 20/06/2016
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