Poetisa

Em suas camarinhas

Os cachos frondejados

Quem sabes um sopro

Florescestes

E o verde apagado dos olhos

Pelas lágrimas crescidas se despindo

No mesmo incêndio de cobiça

Que a todos carrega

Num hálito que escuta o anoitecer

Olorosa penumbra

De cheiros velhos que não mudaram

Nem amadureceram completamente

Nem desataram no meneio das rosas.

O solfejo da boca

Nos miosótis na lavanda silvestre

Na doçura do orvalho

Tua presença odorífera de quando eras moça

Em teus olhos transidos

A memoria a rorejar

A nódoa no vestido os tempos

E toda permanência de viver e ainda não morrer

Pelos salubres momentos da crise de nosso estado