ALGUÉM RESPONDE?
Em que berço dormem as solitárias estrelas azuis?
Onde tremulam os trigais da compaixão?
Grãos de tristeza, amargo alimento: onde o pão?
Em que taças se derrama o vinho da infância perdida?
No cristal dos teus olhos, névoas ou pétalas de luz?
Onde as toalhas de linho para o cobrir das melancolias?
Onde os lençóis de seda e o perfume das romãs?
Em que madrugadas se abrigam os sonhos?
E o orvalho? Seria lágrima na face das manhãs?
Onde escondo o choro e o desalento?
Onde os sussurros de ternura?
Onde escondo o espanto, onde solto o meu grito?
Onde o brilho? Onde se perdeu o encanto?
Quem acende nos meus olhos o farol da esperança?
Há dias que chove em mim
e fico assim brumoso e cinzento,
cheio de dúvidas e de incertezas
sopradas ao vento.