ALGUÉM RESPONDE?

Em que berço dormem as solitárias estrelas azuis?

Onde tremulam os trigais da compaixão?

Grãos de tristeza, amargo alimento: onde o pão?

Em que taças se derrama o vinho da infância perdida?

No cristal dos teus olhos, névoas ou pétalas de luz?

Onde as toalhas de linho para o cobrir das melancolias?

Onde os lençóis de seda e o perfume das romãs?

Em que madrugadas se abrigam os sonhos?

E o orvalho? Seria lágrima na face das manhãs?

Onde escondo o choro e o desalento?

Onde os sussurros de ternura?

Onde escondo o espanto, onde solto o meu grito?

Onde o brilho? Onde se perdeu o encanto?

Quem acende nos meus olhos o farol da esperança?

Há dias que chove em mim

e fico assim brumoso e cinzento,

cheio de dúvidas e de incertezas

sopradas ao vento.

José de Castro
Enviado por José de Castro em 20/06/2016
Código do texto: T5672507
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