não-nunca

esse vácuo insosso

esse hiato pálido

esse vazio cinza

esse oco bolorento

esse silencio agonizante

face aos meus gritos gélidos

quentes mulatos sonolentos sorrateiros

pertinentes, crivados e solapados por sentimentos

loucos e dementes

esses momentos rubros

esses instantes retóricos

essa máscara cheia de rugas

essa alma enxovalhada de dor

esse "não" travestido de "nunca"

ah esse abismo que me engole

me traga e me devora

me invade e me demole

esse olhar desnorte

esse sorriso engima

essa enxurrada de não

essa devassidão de impossibilidades

cheira a migalhas

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 19/06/2016
Reeditado em 17/05/2021
Código do texto: T5671894
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.