PEDAÇOS
no fogo tudo derrete,e
quem pode chamar de pobre
quem foi pobre a vida toda
meio alça meio colcha
a vida reparte em pedaços
todos os movimentos,
cobre-se de cinzas
a cratera do vulcão
e cada homem cinza
precisa adoçar o coração
no meio da calçada
de cada esquina
o vento dobra
dobra e combina
nada destona na natureza
o homem é pobre de nobreza
em cada espelho é tudo igual
caco de espelho pode ser farol
e cada dia um recomeço
bandeja nova um aconteço
um ferro em brasa
alga marinha
nuvem na estrada
no céu se aninha
nas contradições
de linha a linha
o eu de todos
todos na rinha
enquanto o mundo
está indo ao fundo
e a vida continua
tocando a campainha