Novos Hai-Kai do velho Leão
HAI-KAI DE LAU SIQUEIRA
Singularmente plural
Se queira ou não queira
Esse é o Lau
Descoberta de Lau:
Paraibanidade
É um bem natural.
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HAI-KAI DE SANDER LEE
Esse tem pedigree
Para rogar por nós
Pastor Sander Lee
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Bar do Clemente
Um cabaré
Quase inocente
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Em tempestade oratória
Vai o tribuno inundando
A sua história
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Bate saudade
Do que não houve
Desnovidade
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Pés de onze-horas
Jardins de miosótis
Jardineiro de saudade
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HAI-KAI DO ET SEM METRO
Não estamos sós
Jazem deitados em berço esplêndido
Ou entre nós.
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Ausente de mim
Sou sinônimo de nada
Ou ideia afim
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“sinto-me alegre e vivo”
Disse o ectoplasma
Inativo.
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Não são as minhas
Essas mãos que plantam
Ervas daninhas
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Moro em mim mesmo
Caminhos indormidos
Silêncio a esmo
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Em confissão
Eu morro na ventura
De dizer não
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Renascente viés
Caminhos deflorados
Só por meus pés
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Era uma manhã
Espantada de sol
Desvestida de lã
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A vida é só
cinquenta por cento
o resto eu invento.
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Vivia a esmo
feliz e independente
redentor de si mesmo
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Lição de rua
essa massa assombrada
jaz nua e crua
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Lição de casa
Gestante de emoções
Desfaz-se e vaza
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A vida em flor
sinfonia do tempo
sem clave de dor
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Navio a pique
Não tem choro nem vela
Após procela
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Velório oco
Não tem choro nem vela
Morte à capela.
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Escorrem águas
Na pia do lupanar
Inconfessáveis
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Noite de junho
Imagem remissiva
Balão-ogiva
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Mata em dezembro
Violência de cores
Se bem me lembro
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O meu fantasma
Estremece com medo
De minha asma
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Ancoradouro
Em cais arremedo
De vã liberdade
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Lição de esquina
Disfarce o vento e a saia
Da flor menina
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Acareados
Tijolos aparentes
Ruinosos dentes
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Ave sem pouso
Itinerário louco
Pousar não ouso
HAICAI
LIBERDADE ASSISTIDA
Às vezes eu só queria ser
um saco plástico sem rumo
para voar por aí
anunciando consumo