Não sou por não existir

Crendices poéticas, bebendo palavras,

Rimas quebradas, plágios, ditas por ti,

Vês, pelos meus olhos, os que os teus

Apenas imaginaram, adjetivos,

Imagens transcritas, sentimentos 

Fingir ver, escutar teu mundo

Agarrar, aprisionar em mim

O som das marés, o abafado

Caminhar de teus pés,

Não, não sou diferente

Finjo poeticamente, ouvir-te

No bater de asas de um morcego

Ver-te no brilho quase apagado

De uma estrela no firmamento…

Não sou poeta, não sou ninguém,

Escondo-me, por detrás das palavras,

Nas entrelinhas, nas vogais, 

Por detrás de um odio, figadal

À luz, que me abrasa, que me queima

Que me entorpece os dedos,

Que me faz ser, 

Quem não quero revelar,

Por apenas querer,

Continuar a ser,

Palavra,

Nada mais!

Sirio de Andrade
Enviado por Sirio de Andrade em 16/06/2016
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