COMO ACABAR COM AS REBARBAS NUMA FILHA DE 16 ANOS
Pensei, e pensei. E pensei, e pensei. E pensei.
Como mexer em tantos jeitos de ser
nem um pouco legais, nem um pouco gostosos,
numa filha de 16 anos?
Colocar no tronco e dar 1000 chibatadas seria um jeito
que minha alma de pai fez esquecer, fez abandonar de vez.
Colocar de volta no útero da mãe
só pra ver se viria pra esse mundo de novo
com alguns jeitos de ser diferentes,
seria perfeito, mas não dá pra fazer,
que pena.
Mandar fazer as malas e jogá-la no mundo
só pra ver se o mundo cuidava de tirar essas rebarbas
talvez resolvesse a coisa
mas esse mundo poderia fazer voltar com mais rebarbas ainda
não, não seria por aí.
Pensei, e pensei. E pensei, e pensei. E pensei.
Foi quando do nada veio uma ideia, uma luz,
e essa ideia se dizia do bem, se dizia vamos em frente,
se dizia por que não, pai?
Pra fazer essa menina-mulher largar mão se ser ranheta,
largar mão de ser respondona,
largar mão de ser só do contra,
largar mão de encher a gente de raiva,
só tinha um jeito, um só.
Era deixar só o tempo assumir essa dura caminhada,
deixar só o tempo pegar as rédeas deste encargo nas mãos.
deixar só o tempo reforjar esta menina-mulher
daquilo que seus pais tão queriam, tanto sonhavam,
tanto mereciam.
Então tiramos nossas ideias, nossas tábulas de salvação
e nossos remédios mágicos de campo,
pra que o tempo pudesse arregaçar suas mangas
e fazer o trabalho dele como deve ser feito,
dentro do tempo dele, não do nosso.
Dentro dos limites dele, não do nosso.
Dentro da asa dele, não da nossa.
Dentro do chão dele, não do nosso,
E assim conseguimos finalmente, finalmente mesmo,
dormir em paz.
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