PUDICO

Pudico halo

De santidade

E de haustos

Sacros advindos

Do hálito do céu

Para o meu insaciável

Interior subjetivo.

Eu pudico feito

As castas contas do rosário,

Os campos de trigo dourado

Do outono pré-invernal

A matar a fome do corpo

De sacralidade e pureza.

Todavia ao final do dia

Paira sobre mim a sombra,

O ruflar da revoada de corvos,

O corpo do pecado faminto,

Itinerante, belicoso negro.

Os corvos devoram um tanto

Das espigas de trigo maduro,

Porém não podem acabar

Com toda a plantação pudica de mim,

Sigo puro mesmo que incompleto.