Complexidade inquieta / Poesia para Nix

quisera eu viver no meu eterno emaranhado de amores-não-amores

essas paixões mundanas que acompanham minha noite ao lado do meu cigarro fumado até o filtro- e depois

que queima Na minha boca (não o cigarro, você)

e a cerveja barata que acompanha, gelada

já estava acostumada com o gelo

a noite fria cai e a poligamia se faz comigo e os três (e as outras)

cevada, gente estranha me diverte

mas de repente esse cenário acinzenta e fica inerte

enjoei de cigarro e o calor que precisava se tornou outro

me deixei levar querendo te colocar uma coroa

é estranho quando a gente não se permite mais amar

mas deixa o coração feliz assim, sem rumo, atoa

pois só consegue ver a entrega como medo, como erro,

um passo pra frente na beira do abismo

a necessidade de se refletir em outra pessoa

o cume do egoísmo

agora é dia e nem o sol ilumina meu rosto

como pude me emaranhar em ti se ja sabia o fim?

não quero alguém legal nem por perto

porque o meu maior medo não é dar merda, é dar certo

essa louca, que amou outra que eu também ja amei mas aprendi a desamar

ela é dez vezes mais foda, a boca, o olhar

considerando que tenha sido quase impossível antes

comparada com esta

dessa eu sei que não vai ser fácil me livrar

e já em sono profundo vem e me acorda, e me puxa

me envolve no teu corpo e teu mundo

naquela noite que nem fria era, mas eu sentia que precisava desse aconchego

precisava desse arrego e do teu ninho quente e profundo

no meio do escuro encontrei um par de olhos que sorriam

não era nem por agrado, eu precisava acariciar esse rosto

as bocas se encostavam sem recuo

uma das cenas que mais me destruiu esse ano

dois precipícios induzindo a queda, mas ali havia algum muro

e então o impedimento se fez maior quando eu precisava sair

não consegui, não queria, eu só queria ficar ali pra sempre

olha como o destino é irônico

nos machuca em armadilhas e ri da gente

faz crescer no peito esse nódulo platônico

agora eu gosto dela, falo que gosto pra não expor o que guardo e é profundo

mas eu sei que ela ama outra, talvez ame até outras duas, e só me gosta

então imerjo num sorriso amarelo de que não queria

que a partir de hoje eu seria o mundo dela e ela o meu mundo seria

essa coisa que nao queria o nascimento

nasce em mim sem pedir licença, e ainda se sobressai

como eu fico inteira se ela leva parte de mim quando se vai?

que falta de sorte a minha

cruzar com essa garota maldita

mesmo me fazendo sentir sozinha

arrancou de mim a afeição mais forte

e a poesia mais bonita

lembrando do passado, antes dela

me vi num terreno inseguro

saí a noite, sozinha e dois caras me seguiram

era eu, os caras e o escuro

senti muito medo aquele dia

pensei que fosse meu fim

mas quando te olhei- o que sentia

nem lembrava que meu coração podia bater forte assim

aí eu olho pra gente estranha que me divertiu

que no fundo pra mim é um bando de nada

nao digo palavra, pois se falasse sei que te citaria

pra eles, não sinto, repito vazio os mesmos bordões

senão saberiam meu sentimento e teu nome, eu entregaria

mas será que já não me entreguei pelas ações?

(12/2015)

Marília Dagostin
Enviado por Marília Dagostin em 14/06/2016
Reeditado em 14/06/2016
Código do texto: T5667436
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