Palavras de Amor



Amo amar todas as coisas,
sem exigência de valores.
Quem faz de marquises casas
e em castelos habitam senhores,
amo-os como os assassinos
e me compadeço pelos psicopatas.
Amo adultos e meninos
E ao que a fome mata.
Amo quem vive na luxúria
e me emociono com as prostitutas,
com pessoas em amarguras.
E aos que vivem felizes,
de sorrisos estampados nos rostos
eu os amo como os andarilhos rotos.
Homens e mulheres de finas estampas,
tudo isto me encanta:
o gari, o pedreiro, o carpinteiro,
o meu amor é verdadeiro.
Amo sem restrições
os objetos e as coisas abjetas
e em estado de putrefações.
Amo as nuvens e as estrelas,
não só por serem belas
tanto quanto a lua,
sem me importar se está fixa ou se flutua,
assim como o sol a girar,
sem deixar de brilhar,
pois se aqui há escuridão,
ele ilumina o Japão.
Amo os sem-teto e os sem-terra,
amo tudo em evolução:
comunistas e até alguns capitalistas,
católicos, muçulmanos e evangélicos,
eu os amo igualmente aos psicodélicos...
E aos aprisionados pelos grilhões da intolerância,
procuro amá-los com paciência,
pois que o amor não discrimina
opção sexual ou religiosa,
nem o negro, o branco e o cor-de-rosa.
Amo amar todas as coisas,
a feiura e a beleza
porque somos todos natureza.



J Estanislau Filho

Do livro Palavras de Amor - 2010 - esgotado.

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