TERRA SECA

Mas é isso mesmo, sou mulher!
Sou como terra batida, às vezes ferida,
Terra pisada, difícil para o plantio,
Mas quando adubada, regada, cuidada,
Fica logo pronta para o amor...
Como toda mulher,
Já trago no rosto, algumas marcas
Que a vida deixou...
São os chamados resquícios...
Vestígios da mulher madura, vivida,
Marcas de um passado de buscas,
Lutas intermináveis,
Muitos momentos de amor,
Alguns de muita dor...
Venho quase sozinha,
Trago só algumas roupas,
Embrulhos, entulhos,
Algumas lágrimas no canto dos olhos,
Normal... mas, não... Nada letal, eu juro,
Eu sobrevivi... Sempre sobrevivo!
Dos tombos que levei,
O melhor presente que recebi,
Foi saber distinguir, mesmo que de muito longe,
Os que não desejam minha sorte,
Dos que me amam de verdade...
Foi saber reconhecer,
Dentre todas as entrelinhas
Das palavras bonitinhas,
As letrinhas mais maldosas,
Das mais puras e generosas...
Sabes, sinceramente,
A mim não interessa o que me desejas,
Pois hoje, queiras tu ou não,
Amo, sou amada e sou feliz..
E se tu não suportas minha felicidade,
Só posso desejar-te uma boa colheita!
Começa cuidando bem do jardim de amor
Que não parece, mas que há dentro de ti...
Quem sabe, não pára de crescer somente mato inútil,
E começa a crescer rosa e flor?
Quem sabe dessa terra árida e seca,
Não começa a diluir a inveja, o despeito
E começa florescer amor?
Aliesh Santos
Enviado por Aliesh Santos em 14/06/2016
Reeditado em 17/06/2016
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