Incongruências
Esquálidas, pálidas e nuas,
Mãos negras e sujas se entendem pelas ruas.
Calçadas inundadas de miséria e pobreza,
No fundo das almas insanas e cruas,
Num quadro emoldurado das vielas
O grito insatisfeito que vem dos becos e favelas.
São crianças, apenas crianças!
Vendendo seus doces nos sinais fechados,
Com seus mesquinhos futuros despedaçados,
Sem escola, só a cola...
Sem a bola, só o pó que embriaga e consola.
No seio dessa pátria varonil,
O olhar incoerente de uma elite hostil.
As Áfricas chicoteadas, escravizadas,
São massacradas, pisoteadas,
Na amada nação chamada Brasil.