COMO?

Como posso querer?

Se já vejo a esperança quase morta,

Se no meu falar, toda palavra é torta

E não é ouvido o meu dizer?

Como posso realizar?

Se não há meio e nem fim,

Se só há inicio em mim

Nesse inútil caminhar?

Como posso sonhar?

Com essas impuras realidades cantando,

Loucas, nuas, cruas e sempre se amando

Encobrindo o meu luar?

Como posso dormir?

Com tantas verdades zumbindo,

Tantas portas e janelas se abrindo

Para o meu sono fugir?