SURTOS QUE CURTO
O que mais gosto em tudo que lhe diz respeito é o céu
Fugindo a cada susto – o azul coagula em chumbo e cai,
Nem tão sutil nem menos que um desastre todo seu,
Em tudo que me lembra um justo espanto, o olhar diz ‘Ai!’ –
Seu medo é um sol senil que de seus rumos esqueceu.
Atento aos seus pedidos de socorro recorrentes,
Falcões que voltam sempre, eclipses ou má sorte, apenas.
Ninguém supõe que a vida minta feito o amor, que mente
Enquanto acena desde o espelho, do outro lado, em cenas
Que o gesto desse instante não comenta, reticente.
Naufrágios por tormenta em taça rendem o escarcéu
Que agora, e em todo caso, passa a ser da minha conta
E o que mais gosto em tudo que lhe diz respeito é o céu
Escoando em cada austero busto de estatuária tonta –
Museu de afetos seus, o adeus que nunca aconteceu.
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O que mais gosto em tudo que lhe diz respeito é o céu
Fugindo a cada susto – o azul coagula em chumbo e cai,
Nem tão sutil nem menos que um desastre todo seu,
Em tudo que me lembra um justo espanto, o olhar diz ‘Ai!’ –
Seu medo é um sol senil que de seus rumos esqueceu.
Atento aos seus pedidos de socorro recorrentes,
Falcões que voltam sempre, eclipses ou má sorte, apenas.
Ninguém supõe que a vida minta feito o amor, que mente
Enquanto acena desde o espelho, do outro lado, em cenas
Que o gesto desse instante não comenta, reticente.
Naufrágios por tormenta em taça rendem o escarcéu
Que agora, e em todo caso, passa a ser da minha conta
E o que mais gosto em tudo que lhe diz respeito é o céu
Escoando em cada austero busto de estatuária tonta –
Museu de afetos seus, o adeus que nunca aconteceu.
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